A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é que o Amazonas deve registrar 5.450 novos casos de câncer em 2024. Os mais incidentes na população amazonense são: colo do útero (610), próstata (570), mama (500), estômago (440), pulmão (370) e intestino (300). Mas infelizmente, apesar dos altos índices de casos, muitas pessoas ignoram os primeiros sintomas da doença ou só procuram o tratamento quando a enfermidade se encontra em estado avançado e em muitos casos num estágio irreversível.
Mas quais os principais tipos de Câncer? Quais os sintomas? Onde procurar tratamento? Ou qual a importância do tratamento precoce? Para responder a todas essas perguntas e manter o leitor informado, a reportagem consultou especialistas da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), para explicar o melhor tratamento e as vantagens de receber o diagnóstico precoce e começar o tratamento o mais rápido possível.
Sintomas
A médica mastologista da FCecon, Hilka Espírito Santo, falou sobre os tipos de câncer e seus principais sintomas e os cuidados que as pessoas devem ficar atentos ao perceber os primeiros sinais da doença. Ela disse que os principais tipos de câncer nas mulheres no Amazonas é o câncer de mama e de colo do útero.
“De acordo com a última estimativa do Inca, o câncer de mama ultrapassou a porcentagem em relação ao câncer de colo uterino. Os sintomas dependem muito do tipo de tumor então se exemplificar o câncer de colo essa paciente pode ter um sangramento irregular, dor, odor fétido na vagina, dor na relação sexual ou sangramento após a relação sexual, são sintomas que podem apresentar no câncer uterino. No câncer de mama, você pode ter a presença de um nódulo mamário, uma retração, um abaulamento e até uma ferida, sangramento e secreção saindo do mamilo ou pode ter alguma alteração nos exames de imagem pela mamografia ou pela ultrassonografia”, explicou.
A médica afirmou ainda que toda mulher deve procurar o atendimento ao notar alguma irregularidade e diferente no seu cotidiano. Mas, pensando em termos de prevenção, toda mulher deve realizar o exame de mamografia a partir dos 40 anos anualmente.
“Se nessa mamografia ou exame físico tiver alguma alteração ela deve procurar o médico especialista. Em relação ao colo de útero, ela deve fazer o seu preventivo e exame de papa Nicolau anualmente a partir dos 25 anos e se apresentar alguma alteração como sangramento após relação sexual, dor, odor fétido ou sangramento intermitente ela deve procurar o atendimento”, alertou.
Na avaliação da médica mastologista, Hilka Espírito Santo, a informação que as pessoas têm medo fazer o diagnóstico isso é verdade. “Elas têm medo pelo próprio tratamento , pelo peso do diagnóstico, mas não é uma verdade, que quando elas descobrem o tumor elas morrem. Claro que se for diagnosticado um tumor em fase avançada, essa chance aumenta, mas isso não é uma realidade pra todos os tumores ou pra todas as pacientes. Quanto mais cedo se faz o diagnóstico, maior é a chance de cura. Por isso que é importante o controle períodico da mulher no ginecologista”, aconselhou.
70 mil novos casos
Para o médico urologista, Giuseppe Figlioulo, que falou sobre o câncer de próstata, e a aneoplasia que é o tumor maligno mais comum nos homens, sobretudo a partir dos 50 anos. Ele disse que atualmente estima-se no Brasil mais de 70 mil novos casos de câncer de próstata por ano. No Amazonas são mais de 580 casos a cada ano, segundo levantamento em pesquisa na FCecon.
“A recomendação é que todo homem a partir de 50 anos faça um exame de rastreamento do câncer de próstata que é o PSA um exame de sangue e o toque retal. Quando você diagnostica o câncer de próstata, na fase inicial as chances de cura é até de 90%. Alguns pacientes vão precisar serem operados, outros vão fazer radioterapia e alguns pacientes vão somente acompanhar sem necessidade de tratamento cirúrgico ou de outros tratamentos mais agressivos e isso depende de cada caso”, explicou.
O médico afirmou ainda que, no início o câncer de próstata é assintomático, ele não traz sintomas e o paciente não percebe que em o câncer. É por isso que é recomendado o diagnóstico precoce através do PSA e do toque.
“Porque nessa fase é mais fácil tratar e curar. Quando o paciente já chega numa fase com sintomas, de retenção de urina, impossibilidade de micção espontânea com necessidade do uso de sonda, sangramento, emagrecimento, dos óssea, edema nas pernas e outros sintomas gerais, já sugere que a doença está numa fase mais avançada. Nessa fase, também é possível tratar. Porém, o tratamento é mais longo é mais sofrido, mais dispendioso e nem sempre a gente consegue curar”, alertou.
Giuseppe Figlioulo ainda chamou a atenção que o câncer de próstata é uma realidade e não pode ser ignorado. O médico ainda recomendou cuidados redobrados com quem tem antecedentes na família, pois, tem um maior risco também de ter a doença e que vale a pena começar o seu rastreamento a partir de 45 anos .
“Indivíduos da raça negra tem uma chance um pouco maior, indivíduo obesos, esses está recomendado o rastreamento a partir dos 45 anos. O tratamento do câncer de próstata evoluiu muito de maneira que antigamente os pacientes tinham medo de ficar incontinentes perdendo urina, ficar impotentes, que é a disfunção sexual. Hoje, com os tratamentos modernos, o paciente fica curado do câncer e sem as sequelas graves sem incontinência e sem impotência. Ou seja, ele volta a ter vida normal , inclusive com atividade sexual e podendo urinar normalmente. A dica é essa previna-se e trate de maneira precoce”, enfatizou.
Enfrentaram o câncer
No caso do vendedor de carros de uma multinacional, Marlon Messa, que falou com exclusividade para a reportagem, sobre a descoberta de um câncer de próstata e como ele superou os momentos mais difíceis desde o inicio do tratamento e seus medos sem saber se sobreviveria a doença.
“Quando eu fiz os exames que foi o meu primeiro check-up geral há sete anos, eu fiz o que o médico pediu e quando foi na consulta de retorno o médico me falou Marlon você tem um princípio de câncer de próstata no começo e isso requer apenas cuidados especiais e um tratamento intensivo. Você não vai morrer fica tranquilo, desde que faça o tratamento e siga a risca o que vou te passar. Fiz tratamento e posso afirmar que estou curado” enfatizou.
Mesmo assim ele recorda que a princípio ele tomou um susto ao receber o diagnóstico da doença e admite que teve pensamentos negativos e chegou a pensar que iria morrer, mas o seu foco foi a fé em Deus. “Eu falo um check-up geral a cada seis meses por recomendação médica. O tratamento logo que eu soube do eu estado comecei a fazer o tratamento que o médico pediu e os exames todos certos”, explicou.
Vencendo a doença
Já a paciente Marlene Alfaia que está na fase final do tratamento na FCecom de um câncer de mama há três anos e meio, não foi fácil passar por tudo que viveu nos últimos tempos. Ela disse que já passou da fase crítica no tratamento que foi a quimioterapia. “Essa é a pior fase que tem e já passei por ela. Agora eu me encontro no processo acompanhamento anualmente. Eu vou todo ano ao médico e faço uma bateria de exames e retorno com os resultados. É a fase só do acompanhamento que eu me encontro agora”, afirmou.
Ela disse que o momento mais difícil que ela passou quando recebeu o diagnóstico foi a parte envolvendo a quimioterapia. Marlene disse que nessa fase fez quatro sessões da vermelha e 12 das brancas. As vermelhas dizem que é muito mais agressiva, na sua avaliação depende do organismo de cada pessoa.
“No meu caso elas foram menos agressivas e eram a cada 21 dias. Já as brancas, era semanal que eu tomava todas as quintas-feiras. Essas brancas me maltrataram muito. Fiquei muito debilitada, fraca. Eu só não definhei completamente porque mesmo sem fome e muitas vezes vomitando eu comia novamente e não parava de comer. Eu sabia que a única forma que eu tinha de me manter viva, era comendo. Estava muito fraca por conta da medicação e essa foi a pior fase que eu passei. Esse tumor era na mama e estourou pra fora e eu tinha que todos os dias durante três meses estar no Cecon fazendo curativos”, explicou.
Marlene Alfaia contou que descobriu a doença em casa durante o banho quando fez o auto exame nas mamas e sentiu alguns nódulos nas axilas. Foi quando percebeu que algo estava errado. Foi a partir dai que ela buscou fazer todos os exames e começar o tratamento. Ela relembra que ao fazer os exames pelo SUS, demorou muito para ter o diagnóstico nas mãos ao precisar fazer uma mamografia e uma ultrassom.
“Isso demorou muito quase que um ano e atrapalhou. Porque a pessoa que está com essa doença e descobre começa uma corrida contra o tempo. A partir do momento que a doença se manifesta ela é muito rápida. Como demorou muito a mamografia e a ultrassom, a doença veio agressiva. Chegou ao ponto de eu ter uma hemorragia. Foi quando voltei ao médico e ele constatou que seria um câncer, um tumor maligno e me encaminhou imediatamente para o Cecon”, enfatizou dizendo que quando chegou ao hospital foi muito bem recebida.
Marlene disse que não tem do que se queixar da maneira como foi recebida na FCecon e a atenção que recebeu ao fazer os exames as pressas e começar o tratamento. Ela disse que não entrou em desespero ao enfrentar o câncer e começar o tratamento, pois em um filho de seis anos que precisa dela.
“O conselho que eu dou é que as mulheres façam consultas períodicas aos médicos e exames. Se toquem e conheçam o seu corpo. Se você fizer isso terá mais chances de se curar. Hoje em dia as pessoas têm medo de ir ao médico achando que vai morrer mais rápido. Não tenha medo e todo ano faço os seus exames e terá uma chance de uma vida melhor. Tenha uma boa alimentação e faça exercícios físicos isso ajuda muito. Hoje depois de toda fase crítica que vivi, escolhi voltar ao Cecon como voluntária”, explicou com o sentimento de quem lutou e venceu a doença.
Da Redação, com informações Portal AM1
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